sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O TEMPO


Penso no futuro
Recordo o passado,
Ao mesmo tempo em que evoluo
Declaro-me atrasado.

Os dias não percebidos,
Os planos perdidos,
Os anos já começaram,
Porque os outros terminaram.

Flores agora brotando
E mais tardiamente murchando.
Sonhos sonhados constantemente
Para acordar inesperadamente.

Do outono a primavera
Passa o tempo sem espera.
Deste inverno, jaz verão,
Trânsito de alegria e solidão.

Do amanhecer
Ao anoitecer,
O dia passa
O ano passa
A vida passa.

(In: CANTOS E DESENCANTOS DE UM GUERREIRO)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ho, Ho, Ho, Ha Ha Ha


Sr. Papai Noel Chegou,
É Natal.
Sr. Papai Noel que enche o saco
Com bilhões e bilhões
De presentes.

Ho, Ho, Ho
Acorda cidadão!
O sino está sendo tocado.
Corre, corre...
-Vamos vender,
Dizem os do comércio.
- Vamos comprar,
Dizem os do consumo.
O sino está sendo tocado.

Ho, Ho, Ho
O Sr. Papai Noel chegou!
O Sr. Papai Noel vai enchendo o saco
Com bilhões e bilhões
De presentes.
Ho, Ho, Ho
Ha Ha Ha...
Sr. Papai Noel à gargalhar.

Bate o sino
Que é tempo de correr,
Tempo de vender,
Tempo de comprar.
Ho, Ho, Ho
Ha Ha Ha...
Sr. Papai Noel à gargalhar.

Bate o sino
Que é tempo de sorrir,
Tempo de comemorar,
Tempo de confraternizar,
Aproveitar o Natal
Que acontece somente em Dezembro.
Em Janeiro passa.

O velho
O novo
Continua o mesmo
Sr. Papai Noel enchendo o saco,
Entoando
Ho, Ho, Ho.

Ha, Ha, Ha.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Paródia de QUE PAÍS É ESSE com o HINO NACIONAL

Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado,
Testemunha cidadão abandonado,
Onde ninguém respeita a Constituição
E ninguém acredita no futuro da nação.

Esse é o país de sempre
Esse é o país de sempre
Esse é o país de sempre...

Sempre leio ordem e progresso
Na bandeira da nação,
Mas nunca defendeu-se a bandeira na ação.
Lixões no verde das matas,
Que de muito mutiladas
Tornam-se os barrancos dos barracos ribeirados.

Noutra parte todo o ouro:
No centro, no meio das mãos dos magnatas,
Donde o azul do céu risonho e límpido é mais próximo,
Para que só quem seja da constelação resplandeça.
Os gigantes desta própria natureza
São patrões no belo, forte e pálido colosso.
Neste espelho do passado se enxerga as aparências.

Esse é o país de sempre,
Esse é o país de sempre,
Esse é o país de sempre...
Terra apurada
Dentre outras mil
Terras apuradas.

O sangue anda solto
E os papéis estão manchados,
Pois o patrão não descansa
Desde o leilão dos índios,
Desde o leilão dos africanos.

sábado, 20 de novembro de 2010

SONHO



Em uma noite eu sonhei

Que assustava a tirania

Zumbizando na orelha direita dela.

sábado, 13 de novembro de 2010

MANUAL DE UM PORRE QUALQUER

Um dia qualquer,
Qualquer dia entre outros,
Qualquer dia um outro porre
De um porre qualquer,
Qualquer porre de um dia qualquer
É só mais um porre,
Só mais um dia,
Só mais um dia
É só mais um porre,
E só menos um dia
Destes dias quaisquer.

domingo, 31 de outubro de 2010

Descobrimento do Brasil

Arco, flecha
Arco, flecha
Arco, flecha.
O cerco fecha,
Caravelas fecham,
Conquistadores fecham.
Nativos
Inativos
Oprimidos,
Nativos
Inativos
Oprimidos,
Nativos
Inativos
Oprimidos.

Ora pois,
Força bruta
Força bruta
Força bruta.
O tempo fechou.
A mata abriu.
As matas abriram.
A matança aberta.
Tribos atribuladas
Tribos atribuladas
Tribos atribuladas.

Ora pois,
Caciques na forca,
Finados nas ocas.
Sem rumo
Perdida a terra
Perigoso o céu,
Em nome de um deus,
Em nome de um rei,
Em nome de uma pátria,
Em nome de uma língua.

Ora pois,
Tirania selvagem
Carregada de pólvora,
Carregada de doenças,
Carregada de malícia.
Navegação ativa
Caçadora de nativos
Tirania selvagem,
Tirania selvagem,
Tirania selvagem.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PELOS VERDADEIROS GUERREIROS (Manifesto Pró-Dilma)

É chegada a hora guerreiros,
Mais uma batalha
Da guerra dos 500 anos.
Contra o massacre da colônia
Onde verdadeiros guerreiros não se exilaram da luta;
Contra o massacre da escravidão;
Onde verdadeiros guerreiros não se exilaram da luta,
Contra o massacre do Império
Onde verdadeiros guerreiros não se exilaram da luta;
Contra o massacre das desiguais terras
Onde verdadeiros guerreiros não se exilaram da luta;
Contra o massacre nas periferias,
Onde verdadeiros guerreiros não se exilaram da luta;
Contra o massacre da Ditadura Militar,
Onde verdadeiros guerreiros não se exilaram da luta;
Contra o massacre da privatização do meu suor,
Onde verdadeiros guerreiros não se exilaram da luta.

Dentro desta história
Surge um pernambucano sindicalista
Que me deu um pouco de força
Pra lutar contra massacres
De colônia, império, escravidão, desigualdade, ditadura, privatização...
O pernambucano sindicalista
Mostrou-me que é possível sonhar,
Que é preciso continuar a lutar.

A próxima batalha está próxima
E precisamos de uma liderança.
Dua opções possíveis:
Um que se exilou da luta quando mais se precisou;
Outra que persistiu até na clandestinidade.

E aí guerreiros,
Qual a decisão?

A minha eu já tomei
Dia 31 eu inverterei o número na urna.


domingo, 17 de outubro de 2010

MEU POEMA

Meu poema nasceu de noite
Tão frio como os corações dos povos
Vazio como as ruas da cidade.
Arrepia na alma e no peito
Um pedaço de agonia e solidão.
O poeta que sonhou na aurora
Deixou o dia passar,
Esperou o dia acabar
E então viveu:
Apanhou,
Chorou.
Agora vai ter pesadelos no leito.
Sofrimento de vergonha
Embaixo do cobertor.
Assim não tem jeito não,
Tentar dormir
Sem nenhuma satisfação.

Porém há sempre a solução,
Quem sabe despertar de madrugada
Faça abrir os olhos da esperança,
Num preparo pra próxima batalha.
Até que finalmente amanheça
E a força retorne a seu lugar.

E que meu próximo poema
Venha quente como brasa
Queimando a estupidez das sanguessugas.

(In: Cantos e desencantos de um guerreiro)





segunda-feira, 27 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

RESISTÊNCIA

                              Nascer
                         Morrer
       Uma vez Nascer
       Uma vez Morrer
Era uma vez Nascer
                         Resistir
                         Crescer
                         Resistir
                         Produzir
                         Resistir
                         Reproduzir
                         Resistir
                         Desistir
                         Refletir
                         Readquirir
                         Persistir
                         Desistir
                         Refletir
                         Readquirir
                         Persistir
                         Resistir
                         Produzir
                         Reproduzir
                         Persistir
                         Resistir
Até...
Pela última vez
                         Resistir
Ao curso natural da história
E Morrer feliz para sempre.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Para os guerreiros que amam



Amor é a flor da primavera,
é o vendaval do outono,
aconchego gostoso de inverno,
um verão que aquece sem marcar hora.

sábado, 4 de setembro de 2010

MARCOS ZERO DE CAPITAL

Praça da Sé,
Marco Zero da Capital.
Marcos Zero de capital
Desce a 15 de novembro
Caçando um trocadinho,
Trocadilhos no ar,
É manco de uma perna
E não eficiente pra sociedade.
Mancando para 15 de novembro,
Botando migalhas no bolso.
Bolsa de Valores de São Paulo
Money, dinheiro, merreca, trocado:
Valores de dentro,
Valores de fora,
Valores desequilibrados.

Mancando caminho abaixo
Foi pedir proteção
A São Bento e a São João.
O manco e suas mancadas
Caiu num tropeço
Das diversas pedras das Ruas.
Caminhando pra baixo,
Foi parar no imenso Vale.
Vale sem rio,
Não lavou a alma,
Mas seguiu São João
Pedro, Tomé, Mateus
E foi maltratado como um tal de Judas.

(Aliás Judas
Foi um desses que tropeçou na vida
Por causa do dinheiro.
Abandonou verdadeiros amigos
Para viver na ilusão.
Porém o sonho acabou
Quando Patrão lhe deu as contas,
Quando Patrão lhe deu as costas.
Daí perdeu tudo
E ganhou a compania de Marcos).

Marcos manco,
Marcos Zero de capital
No Marco Zero da Capital.
Tal manco um marco de dificuldades,
Porém seguia São João
E logo pensou que ouviu:
Ipiranga,
Logo pensou que viu Ipiranga.
Porém a noite já tinha chegado
E cruzar com Ipiranga era improvável.
Tropeçou, caiu e ficou por alí mesmo.

De repente, um tapa na cabeça
Acordou e viu um policial,
Concluiu que Independência nunca foi capaz de conquistar
Aliás lembrou que nunca,
Nunca conseguiu sair do Marco Zero da Capital,
Tal Marcos Zero de capital.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

HOMENAGEM: 100 ANOS DE TRANSPIRAÇÃO

Sob a Luz de um lampião e de um sonho popular, nasceu no dia 1º de Setembro de 1910 o Corinthians, profetizado pelos fundadores como o Time do Povo. De fato tais fundadores foram operários que se inspiraram em um time inglês que veio ao Brasil e mostrou raça e dedicação em seus amistosos por aqui. Os operários abrasileiraram e fundaram um clube com o corpo e a alma popular, que na época despertou a ira da então elite Paulistana especificamente de três clubes tradicionais da época: Germania, Paulistano e São Paulo Atletic Club; esses lutaram para que o sonho popular acabasse, porém inutilmente pois logo aquele humilde clube de operários no meio dos anos 10, se tornava mais um GRANDE com um diferencial de levar simples trabalhadores ao convívio e delírio com o futebol.

Os anos se passaram e a dedicação ao Corinthians aumentou, então tornou-se o mais popular do Estado e como nenhum outro representou nos movimentos sociais do Brasil. Nos anos 60 (em plena Ditadura Militar)por exemplo, um grupo inspirados na luta de Che Guevara pela Revolução Cubana decidiu fundar a Gaviões da Fiel com o objetivo de reivindicar e lutar por melhorias do clube. Aquele símbolo de anseio popular levou com que muitos integrantes fossem parar no DOPS que na época era lugar onde a polícia torturava aqueles que lutavam contra a ditadura e promoviam os simbolos de qualquer coisa que lembrasse revolução. Nesse período também o Corinthians estava em jejum de títulos e o fato de sua torcida não abandonar o clube lhe rendeu o apelido de FIEL.

Dado o grito de Campeão Paulista em 1977, foi responsável pela organização de um movimento no início dos anos 80 denominado DEMOCRACIA CORINTHIANA. Naquela época o país ainda vivia a ditadura e tal movimento ajudou na conscientização e edificação dos outros movimentos que ajudaram a derrubar a ditadura, um deles inclusive foi o DIRETAS JÁ.

De fato sabemos que até hoje o Brasil não vive uma verdadeira democracia, pois num país onde há tantas desigualdades sociais e falta de educação de qualidade, ainda não é possível que todos tenham as mesmas  condições de se informarem e se politizarem sobre o que acontece, somado ao fato que todos ainda tem o voto como uma obrigação e não como uma vontade natural. Porém assim mesma é a história do Time do Povo com conquistas e derrotas e infelizmente com muitos mercenários que se aproveitaram de sua grandeza para beneficio próprio.

Então corinthianos e brasileiros, fiéis a sua utopia por melhorias, como um emprego melhor, uma casa própria ou pelo menos um  prato de comida na mesa, mantém a sua luta mesmo que tenham que enfrentar adversários, elite, polícia e etc. Não param de lutar.

PARABÉNS AO CORINTHIANS PELOS SEUS 100 ANOS DE TRANSPIRAÇÃO!!!

UM SÉCULO LUTANDO NÃO É PARA QUALQUER UM.

sábado, 28 de agosto de 2010

PELEJA

O pedreiro pincelando as pedras,
Prédios, puxadinhos, Periferia
Próprias pessoas que vão pisando os pés nas pedreiras,
Pares, pilhas de pedregulhos
Que não prendem os pelejadores,
Apesar de
Político picareta
Privatizar possibilidades,
Apesar de
Polícia
Policiar pluralidade.

Prova de fogo
Papai pagando pra patrão,
Playboy pagando de patrão.
Pra piorar
Patricinha parasita,
Paga pau de pátria patronal,
Propriamente país poderoso,
Proprietário de potência privada
Publicando o porrete no proletariado.

Porém
Povo está se preparando,
Poetas palavra proclamando.
Perfeito prenúncio de progresso.

Para os protegidos patifes
Periferia pra pulverizar tais predadores,
Periferia pra pulverizar tais predadores,
Periferia pra pulverizar tais predadores...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DESERTO


O Astro é soberano.

De cima para baixo
A existência vai queimando.

Forte
E fraco ao acaso.
Homem prostrado a fé divina
Sem fé em si próprio.
Devastador de esperanças,
Inerte no meio do deserto,
Esperando chuva do céu.
Porém, água não vem.
Desidratado vem o vento sujando
De areia na vista para cegar
Olhar que vai guiar pernas a miragem.
Viagem sem norte e nem sul
Do nada a lugar nenhum.

Movediça
A areia vai enterrando dos pés a cabeça.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CAFÉ DA MANHÃ


Um homem que dormia debaixo do Elevado Arthur da Costa e Silva,
Despertou depois de uma longa noite de frio
E caminhou sentido a Rua da Consolação em busca de algumas
moedas para distrair a fome.


Depois de algum tempo,
Depois de muito tempo,
Pode apenas sentir o gosto amargo de uma terra.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ESCRITOS DO FOGO


Escrevo com fogo os poemas resistentes
Acendendo dos olhos que revelam,
Das narinas que cheiram,
Dos ouvidos que escutam,
Do corpo que sente.
Acendo da alma e do gosto azedo dos sonhos estragados.

Escrevo com fogo nas caras de pau
Maquiadas pelas tintas envernizadas e brilhantes
Todo este material inflamável
As palavras dignamente revoltadas
De chama queimando intensamente,
Chama dilacerando máscaras imperiais.
Poesia que chama a aurora meia noite
Isso que eu chamo de revolução.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

VARIÁVEL




Passam-se as horas,

Passam-se os dias,

Passam-se os anos,

Passam-se as épocas

E o passado se destina ao presente.

Porém, de repente,

Indefinido instante

Lembrança volta e passa novamente.

terça-feira, 27 de julho de 2010


Amor é o manifesto sincero,
É a busca em caminhos estreitos,
Luta do coração por seus direitos,
Um movimento de carinho duradouro.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Alucinação


Tua presença é a Lua
Tua presença é o Sol,
Tua beleza sobre o lençol
Eu admiro toda nua.

Admirar beleza tua.
Na noite o farol
Erguendo-se único girassol
Fica na terra a dor que jejua.

Meu sofrimento que se esconde
Diante da esplêndida beleza,
É um fraco e covarde.

Se não te visse, teria tristeza
Dentro da alma que me prende
A ti, na mais forte certeza.


II

Se num mês uma vez te vejo,
Pelo restante do mês te desejo.
Um ano de mim afastada,
É um ano de dor manifestada.

Pois és o fruto que desejo
Na boca que reclama o beijo,
Na tua doçura privilegiada
Tão parvo pela amada.

Te vigiei, me enamorei
Agora musa dos meus sonhos
Eu te quero mulher.

Linda, porque te olhei?
Dias serão tristonhos
Se for ausente no amanhecer.

domingo, 11 de julho de 2010

As peneiras

(A copa do mundo está acabando mas as partidas continuam)
Pés descalços que carregam um sonho.
Pés que pisam no chão de terra
Em que as peneiras passam retendo preciosidades.

Verdadeiro campo,
Campo da batalha que rola.
Rola a bola
Que os pés querem tocá-la!
Pés que correm daqui,
Pés que correm de lá,
Pés que querem dominar a chance.

Partidas começam
E cada pé busca seu rumo dentro do jogo.
Alguns são muito gananciosos,
Não dividem de jeito nenhum a esfera,
Deixando na espera os outros pés.
Ás vezes nesses campos de ganância fundamental
Os pés que não dão bola para os outros
Tem mais chances de serem estrelas,
Estrelas que driblam adversários
E marcam gols de artilharia.

Alguns jogadores
Devido falta de orientação dentro do campo,
Abusam das faltas
E os juízes secamente
Vão punindo os infratores,
Sempre com o poder
Não hesita em expulsá-los do jogo pela violência.

Peneira vai,
Peneira vem,
Peneira passa.
Na marcação implacável
Os erros são fatais,
Principalmente para os defensores
Que se tomarem bola nas costas,
Já era!
Partida encerrada
Partido seu coração despedaçado,
Partido seu sonho perdido,
Peneira simplesmente que passa.

Porém todos os dias peneiras,
Portanto partidas não acabam.
As peneiras que vem,
As peneiras que vão,
As peneiras que passam.
Os campos de terra esperam os jogadores.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Os erros


De todos os lados
Corações blindados,
Privadas almas com seus pecados
Formando um coletivo de resignados.

Nunca se nasce para errar,
Até por isso nunca tentar.
Inútil momento sonhar,
Assim fui concebido neste lugar.

Os pássaros que cantavam
Por muito nem mais existem,
E os casais que namoravam
Estão divididos pelos bens,
Até porque não há mais serenatas
Nestas noites cinzas encobertas.

De todos os lados
Os terrenos blindados
Com os homens trancados
Dos dois lados dos muros altos.
Creio que as terras
Nunca tenham sido compartilhadas.

De todos os lados
Objetivos,
Busca pelos objetos idealizados
Do único ideal estipulado.

Assim a vida segue
Cada uma no seu caminho
Sem compaixão dos que tropeçaram,
Caíram e deram breque.
Aí já era sonho
Tentaram, não conseguiram e se destruiram.

Da vida que sobrou aqui
Da outra que resistiu ali,
Salve-se quem puder,
Pois alguém vai perder
O benefício do paraíso
Que dizem ser abundante e valioso,
Onde o coração blindado
Brinda com o destino
O próprio bem alcançado,
Usando até mesmo
Os cálices do Vaticano.

Nas privadas
Estão as almas com seus pecados
Tomando esgoto dos glúteos
Dos quais são subordinadas.

Já se foi o tempo em que Deus
Zelava pelos filhos seus,
Pois os meninos preferiram
Vender as almas, os corpos e os sentimentos
Ao demônio que os capitalizaram
A correr dominando seus espaços.

Depois disso um grande lema,
Que o maior pecado
É tentar quebrar o muro construído
Entre os privilegiados e os abandonados.
Imperdoável para o sistema
Simplesmente é olhar para o lado
E unir-se a causa do desesperado.
Vivemos sob o regimento do grande dilema
Que erros são tentativas fora do determinado.

sábado, 26 de junho de 2010

O Jogo

Vencedores
Derrotados,
Em comum: lágrimas.
O jogo está armado
E as regras determinadas.
Cálices sobre a mesa
E muito vinho sendo sugado.

Tenho algumas cartas nas mãos,
Grandes responsabilidades
São cuidar de damas e reis
E não poder usar curinga
Para mudar todo o esquema,
Das jogadas que não são minhas.
As combinações de cartas
Direcionam o jogador.

Do jeito que o jogo é,
A tendência é ter perdedores
Que vão ter que pagar o preço
E apreciar o vencedor,
Chorando sortes perdidas
Valorizando truque bem sucedido.
Tempo perdido
Dos desiludidos homens vencidos,
Pois o jogo continua
Até que o baralho não seja mais servido.

domingo, 20 de junho de 2010

Viva a América Latina!

VIVA A AMÉRICA LATINA, o continente dos heróis de cultura diversificada que sobrevive aos idealismos estadounidenses. Viva a América dos índios, dos negros e seus descendentes.
No dia 19 fui ao Memorial da América Latina para acompanhar o evento do dia do Espanhol, apesar de ser longe na minha querida perifa do Jardim Ângela, fui lá para comungar a palavra poética junto a Cooperifa em um Sarau que estava incluso no evento. Cheguei mais cedo para ver o que tinha lá e encontrei um pouco das tradições típicas de nostros hermanos latinoamericanos e me apaixonei ainda mais por essa cultura me convencendo muito mais da necessidade da valorização dela. Precisamos urgentemente irmãos e hermanos latinos nos unir para sermos mais fortes e sairmos da nossa situação social que é de desamparo por parte das elitistas potências mundiais. Revolución da ponta México até a ponta do Chile!
VIVA A COOPERIFA, tão importante a nós da Periferia do extremo sul de São Paulo e tantas outras da selva de pedras e mundo afora, que chega pra assustar a elite com seu exército de guerreiros comungando os versos revolucionários.

ENFIM, VIVA A AMÉRICA LATINA!!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Uma homenagem a um guerreiro que se foi mas deixou sua obra como legado.



Pensar,pensar
Junho 18, 2010

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

Último post no Blog de José Saramago e como sempre algo para ser pensado:
Fonte:http://caderno.josesaramago.org

sábado, 12 de junho de 2010

Aos guerreiros distraídos pelo Amor, aí vem uma AULA DE QUÍMICA

Compostos vindos de matérias diferentes
Assentados nos corpos distintos
Ligados pelo fenômeno da atração.
De frágeis a resistentes
Assim como da distância a conexão.
Na demonstração desta ação,
Nossos pólos tão diferentes
São como imã e aço
E a química mais perfeita
Do mais perfeito sentimento humano.

sábado, 5 de junho de 2010

Causa e efeito



A miséria
Andando pelos seus vales
Saiu do beco
Livre, fria e desastrosa.
Cantava com voz rouca
E movia-se incessante:

Desceu as ruas,
Chegou praça,
Na esquina,
No ponto de ônibus
E até na frente do banco.

Era abusada,
Não respeitava ninguém,
Nem criança,
Adolescente,
Pai de família
E até senhorinha.
Não conseguiram detê-la.

Tantos tentaram fugir
Mas o destino quis
E ela os encontrou
Desprevenidos,
Desorientados
Desmotivados,
Despreparados...

Chegou a noite
E ela corria como vento
Batendo no rosto e no estomago das pessoas.
Foram se passando as horas
Estando ela cada vez mais disposta.
Soprou,
Gritou,
Espancou,
Esfaqueou.

No outro dia
Estava ela camuflada
Na primeira página dos jornais.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Descarte

As sobras
Pegam os restos e as migalhas
Dos pratos, dos copos,
Dos pacotes e das caixas descartáveis.
Material inútil
Classificado como lixo.
Vão comendo isso
Que o mundo não quis.

Para o sistema:
Puro canibalismo.
Sobras são sobras,
Apenas sobras:
Descartes do capitalismo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Complexidade

Nem toda lágrima derramada é tristeza,
Nem toda palavra dita é sincera,
Nem todo grande sentimento é percebido.

Nem mesmo tudo que se quer é realizável,
Nem tudo que se persegue é alcançável,
Nem todos que amam são correspondidos,
Nem todos que odeiam são desprezados.

Às vezes nem o silêncio é quieto,
Pois atormenta a timidez.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Palavra descompassada

A palavra descompassada
Do passo rotineiro do dia inteiro.
Parte o poema
E vai se construindo,
Vai se rebentando,
Vai se modificando.

Não bate ponto para começar
E logo desmarcado se despede.
Sem anúncio de sino,
Sempre repentino.
Todo instante instantâneo.

As horas...
Caminhadas eternas,
Expediente estendido,
Sufocada a Poesia!
Por consequência esquecida.
(O poema só trabalha
Quando o corpo se assenta,
Aí os sentidos se acertam).

Ás vezes, um segundo basta,
Muitas, me distraio por meia hora.
Porém, a Poesia é período integral.
Independente se o tempo é de chuva
O Sol aparece sumindo,
Sucinto a passagem,
Sem escala definida.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Crime poético

Hoje minha mão está armada,
De caneta muito bem carregada
De tinta, que deixa marcas graciosas
Na folha, e as intenções objetivas:

Surge como Sol na ponta do cano,
Indo em direção ao meio do crânio,
Como tiro de chumbo certeiro,
A modificar os neurônios do hospedeiro.

A mão é ansiosa e intencional,
A caneta é mero objeto acidental,
A folha cúmplice e prova criminal,

E o crânio é do gigante que cai,
Com a palavra mais ardente que vai,
Como bala que explode e não sai.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pensamento: A utopia do guerreiro

Independentemente do tipo de batalha, o verdadeiro guerreiro se constrói porque nas vitórias ele adquire confiança e nas derrotas ele jamais abaixa a cabeça e nunca desiste de continuar a caminhada.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Visão invisível

Perdida mente
Neste espaço cinzento.
Nada penso,
Do que faço
Sem compasso.
Nenhuma via se abriu
Com os ventos do outono
E perdidamente
O corpo luta contra o sono
De noite não dormida
Do dia velado.
É fria madrugada!
Perdidamente
Deserta e escura.

Perdidamente
Sem rumo definido.
Perseverante
A visão invisível.
Invencível
Capacidade de se perder.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Dedicatória (de: Mário Quintana)


Quem foi que disse que eu escrevo para as elites?
Quem foi que disse que eu escrevo para o bas-fond?
Eu escrevo para a Maria de Todo o Dia
Eu escrevo para o João Cara de Pão.
Para você, que está com este jornal na mão...
E de súbito descobre que a novidade é a poesia,
O resto não passa de crônica policial-social-política.
E os jornais sempre proclamam que "a situação é crítica"!
Mas eu escrevo é para o João e a Maria,
Que quase sempre estão em situação crítica!
E por isso as minhas palavras são quotidianas como o pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Olhos são sinceros


Nos olhos em que me apego
Ao fixar o olhar sem desviar.
Olhos não tem falsidade
Como palavras da boca
De discursos pré-estabelecidos.
Porque olhos são sinceros
Enquanto a boca insiste em mentir.

sábado, 10 de abril de 2010

Aos expectadores não engajados de pesquisas ...

Eu não preciso de dados
Que levantam estatísticas.
Preciso apenas de olhos
Para perceber toda esta ocorrência.

Mesmo que eu fosse cego
Só precisaria viver,
Apenas estar, existir.
Pois tudo está por aí na calçada,
Pedindo um trocado de esmola
E uma palavra qualquer.

Eu não preciso das pesquisas
Se tais forem somente números.
Nenhum algarismo chora
desprezado, esquecido.
Pois ao menos um zero
Tem algum significado.
Porém as ruas de meu país
Acolhe pessoas
Que mal puderam ganhar importância.
Elas infelizmente perderam
Neste jogo de estratégias ferozes.

De que adianta se pesquisar
Se nada farão para mudar.
Se pelo menos os olhos olhassem para o lado,
Os ouvidos escutassem o ambiente
E o tato sentisse o necessitado.
Um perfume de esperança seria inspirado
E pelo menos todos sentiriam o adoçar da boca.
Toda a humanidade seria mais exata.

sábado, 3 de abril de 2010

Quem me dera

Quem me dera
Ao menos um dia,
Pelo menos uma hora,
Sentir por um minuto.

Que possível fosse,
Sem uma nem meia questão,
Nem ao menos o medo,
Nem sequer dedução.

Poder te receber,
Poder te exaltar,
Poder ser conquistado,
Poder ser carregado
Pelas próprias pernas
Guiadas pelos olhos
Cegos de vadiagem.

Quero os pensamentos vadios
Nos lugares vazios,
Entre a mente eo coração.

Que fosse a lei somente uma:
Percorrer a estrada em livre arbítrio.
Que armadilhas não houvessem,
Que pudessem me sequestrar.

Quem me dera
Nenhuma grade,
Nenhum tirano.
Ao menos um dia,
Pelo menos uma hora,
Sentir por um minuto.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

1º de Abril

Hoje é 1º de Abril e folclóricamente hoje é o dia da mentira(O ser humano conta tanta mentira que tinha que ter dia para isso, porém as mentiras são contadas todos os dias).

Vou contar 10 de algumas das maiores mentiras que alguns veiculam por aí para enganar o povo.

1. Paulo Maluf nunca roubou sequer um centavo dos cofres públicos, e aquelas assinaturas nos documentos de contas no exterior não são dele.

2. O Fernando Henrique Cardoso não privatizou o Brasil, ele simplesmente colocou o país no caminho do desenvolvimento.

3. Os EUA são as maiores vítimas do terrorismo.

4. As novelas da globo mostram a realidade como ela é, e servem para nos ensinar a conviver com dignidade e sem preconceitos.

5. O PFL hoje é um partido de pessoas "Democratas".

6. A Igreja Católica nunca matou, corrompeu e discrimou para manipular as pessoas, ela só praticou o que as leis de Deus determinam.

7. O jornalismo da Rede Bandeirantes é imparcial.

8. No Brasil não existe mais racismo.

9. Os governos do PSDB em São Paulo (Mário Covas, Geraldo Alckimim e José Serra)foram os que mais valorizaram a educação.

10.No mundo só não se dá bem financeiramente quem não quer, ou seja, os miseráveis são miseráveis porque nunca quiseram ganhar dinheiro.

UFA!!! Estou até de consciência pesada de contar tanta mentira. Que bom seria se algumas pessoas assumissem sua falta de sinceridade.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Poema deste universo

Sou uma noite infinita,
Desaparecida
No universo esquecido de meus pesadelos.

Não nasci Sol,
Pois nem ao menos um Girassol
Levantou-se para me cumprimentar.

Minha vida é um espaço aberto,
Em que os Corpos e as Almas
Afastaram-se por muitos quilometros
Com medo de perderem
Alguma parte do que acumularam.

É um desafio imenso
Viver sem estrela,
Porém
Mesmo sem me notarem
Estou aqui e ali
Cobrindo o precipício
Que os Astros não querem cobrir.

Se tiver sorte
Algum dia, quem sabe?
Seja possível juntar
Uns pedacinhos de coisas
E finalmente
Deixar de ser indigente.

terça-feira, 30 de março de 2010

"Baseado" em fatos reais

Para não perder o fumo
Voltemos para o mundo da realidade.
Voltemos a viver na sociedade.
Voltemos inutilmente a procurar emprego.
Voltemos a estudar sem condições e apego.
Voltemos a adoentar sem atendimento.
Voltemos a viver sem o mínimo respeito.
Voltemos a pagar sem receber.
Voltemos a mentir sem convencer.
Voltemos a imitar o lixo da lixeira.
Voltemos a cuspir na própria bandeira.
Voltemos a morrer de bala perdida.
Voltemos a viver nossa vida.

Aos velhos hábitos,
Sentir o efeito da maconha que consumimos.

domingo, 28 de março de 2010

Robótica

Desde nascidos, programados
Vida lógica, robótica.
Cada um, cada qual
Com igual sistema operacional.

Propriedades da mesma ideologia.
Conectados chips de obediência
É possível o controle comandante:
Padronizado, capitalista.

Robôs com defeito,
(Não enquadrados no padrão de qualidade)
Sendo objetos,
Normalmente não recebem perdão.
Levam em geral
Desprezo, bofetadas, coronhadas e tiros.

No decorrer da história
O destino é ser lixo na beira do córrego.

sábado, 27 de março de 2010

Soneto da América

A América está dividida:
Uma parte subalterna explorada;
Outra parte comandante tirania
Infectando com veneno e ideologia.

É cantado o hino da liberdade,
Porém, o latino sem tal virtude
Tem que se ajoelhar com revolta
E reverenciar o compasso terrorista.

Porque nas Américas dos contrates
A que manda é somente uma,
A que por seu ordenado fostes.

Até comer e beber coisa alguma
No que se pensa são nos seus costumes.
Do Tio San não há nada que não se consuma.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Estações

Vem a primavera sempre estática
Virgem flor, esbelta, franca.
Cantando inocente seus sonhos,
Trilhando, mirando caminhos.

O verão chega sempre ardente.
Quente, instantâneo quente
Que faz até a alma chorar:
Tempestades a fazer alagar.

Outono sempre quebra o clima
Floresta é seca não sendo a mesma
Sem folhas nos galhos, chão de palavras
Momento de pensar que tudo exalas.

No inverno, o corpo, a retração
Retrato físico após a argumentação,
Imergida por consequência do tempo frio
Entrega-se a saudade e ao delírio.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sistematicamente

Toda esta vida me ensinou
Que todos os dias são sempre o mesmo dia,
Que todas as pedradas vem sempre da mesma mão,
Que todas as imposições vem sempre da mesma tirania,
Que todas as tristezas vem sempre da mesma desilusão,
Que todas os objetivos vem sempre da mesma ganância,
Que todos os famintos brigam pelo que sobra do último pão.
Sempre,sempre a mesma coisa.
Os mesmos senhores
Com as mesmas máscaras,
Que dão sempre as mesmas esmolas
Para os mesmos sofredores.
Sempre,sempre a mesma história
Composta da mesma ideologia,
Da mesma luta pelo status,
Mas sempre nos mesmos terrenos estreitos.
Sempre o mesmo caminho
Que chegam sempre no mesmo destino.
(Isto quando de comum
Não se morre antes de chegar).
Sistematicamente, o mesmo.

Eu, ainda bem revoltado
Sempre há de ser o rebelde.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Chacina sincronizada

A faca corta,
a bala fura,
a granada explode.
Criança
fraca a caçar no lixo.
Alimento
uma boca, duas bocas, doze bocas,
na dificuldade que é.
O salário
que eu ganho,
é pouco para o que se merece.
Viver
esquecido pelo poder público,
refém do poder privado.

As armas matam milhares de pessoas todos os dias.

terça-feira, 16 de março de 2010

Poema meio estranho

Meias palavras
Não são
Meios sentimentos.

Quando doze são os sonhos
Tenho a noção de
Meias tristezas
Meia dúzia de rosas vermelhas
Cortadas
A me fazer sangrar.

Muitos sussurros,
Tantas dores,
Diversos temores.
Minha maior mentira
É dizer
Meia verdade
Falsidade
Do medo que prevalece
Num corpo que pré envelhece
Como tolice
De média escala.

De tudo
De pouco

Sem mais
Sem menos.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Poema sentimental

Para onde foi o amor depositado?
Foi-se com todo sonho perdido,
Frágil sequestrado angustiado,
Sem sequer ter sido ouvido

Que raiva de tudo isso,
Todo o choro é muito preciso.
O coração é mais inverso
Do consolo que eu cobiço.

Ainda bem que o amor não morre,
Pois a esperança de reencontrá-lo
Diminui esse ódio que corre

Batendo como um martelo
Nesta alma alagada de porre,
Sem sentir ao menos o zelo.

sábado, 6 de março de 2010

Gula literária

Literatura,
Meu alimento mais nutritivo,
Donde a energia é extraída
Para me fazer caminhar.

De reações complexas
À circular em minhas veias
Funcionando no meu pensar.

Arte de fibra,
Capaz de expelir
Toda porcaria a me contaminar.

De tanto te querer,
De tanto digerir,
Já se sobra a tua obra
O peso de me aguentar.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Enquanto a humanidade tenta registrar sua história com o dinheiro, eu sempre à esquerda das coisas, tento registrar minha identidade com a foice e o martelo.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Bem vindo a guerra

Um estampido
Mais um homem caído.
A criança berra
É a guerra.
Os soldados do opressor
disfarçados saem fugidos.

No dia seguinte
Faixas de protesto,
Pneu queimado,
Avenida interditada
E lembranças de sonhos desmontados.
Não podiam faltar também
Soldados do opressor
Uniformizados,
Com balas de borracha
E gás lacrimogênio.
Trazendo junto a ignorância e a cavalaria
Atropelando a revolta,
E as vidas cansadas.

Uma vez me disseram
Que dizer a verdade às vezes machuca.
Só não imaginava
Que os ensanguentados
Eram os sinceros.

Bem vindo a guerra!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

As estrelas


As estrelas... eu não entendo,
Em algumas noites ficam me olhando,
Mas não se importam se parecem atrevidas.
É claro!
Elas não se preocupam com besteiras.
Talvez por isso nunca ficam tristes.
Não sofrem como nós sofredores.
São contentes
De um nível em que não alcançamos.

Humanos não tocam o céu!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Breve descrição de um cachorro


Sou um cachorro,
Cachorro leal
Ao que acredito
Até por isto estou aqui,
Pois acredito nos homens.
Que podem mudar
O que começaram,
Por isso quero ensinar
E sempre aprender.

Sou cachorro
Vira-Lata
Sem raça definida.
Sou todas as raças
Um pouco do Sul
E outro do Nordeste.
Vivo numa casinha
Nos fundos do casarão de São Paulo.

Sou cachorro
Que não late muito,
Mas que nem outros cães
É bem fácil saberem
Quando estou triste ou feliz
Ou até mesmo manso ou raivoso.

Ás vezes
É bem difícil ser cachorro,
Pois ser cachorro é sentir demais
O que nem todos sentem.
É ser amigo
De quem não merece amizade.
Mas não posso reclamar
Pois ser cachorro
É se encantar com aquilo que é simples
E nunca perder a valentia.

Vivo roendo osso,
Mas e daí?
Pra mim o mais importante
É extrair o gosto bom das coisas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Pássaro

Sou como um pássaro na gaiola,
Comendo o alpiste que determinam
No tempo contado de seus relógios
Pra depois cantar na longa jornada.

Fui capturado
Pela necessidade de comer.
Trancaram-me
Nesta vida minha adestrada.
Vidas nossas
Penduradas nas extremidades dos casarões.
Sem libertação
Para desfrutar do meio.

Chegou a hora de quebrar estas grades,
Bater as asas
E degustar os frutos
Que nunca me ofereceram.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Poesia do silêncio

O silêncio é a poesia
Estancada no vale da consciência.
É a poesia reprimida,
que se mantêm indecifrada.

Poesia oculta,
Revoltada e paralítica.
É a poesia fingidamente morta,
Sem exclamação e sem música.

Nós humanos que criamos termos
Somos os mesmos que calamos discursos.
Passamos a vida à poetizar
Sem uma expressão recitar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Trajeto

A metrópole
Cada vez mais inchada.
Mais desnivelada,
Das distâncias que se extendem,
Com carros que já não correm
E pessoas que se expremem.
Da periferia ao centro
Tudo assim.
Todos os dias enfrentando
Transcendendo:

Passo M'boi Mirim numa luta,
Que sufoco!
Guarapiranga,
Marginal.
O trajeto é como um rio
Que te afoga.
Cidade Jardim,
Não!
Pois é,
Cidade selva,
Mais feroz
Que qualquer guerra enfrentada por Brigadeiro Faria Lima.
Rebouças,
Retrombas,
Revoltas.
Somente resta
A Consolação de chegar.
Chegar,
Para a batalha diária continuar.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Viva as frustações da vida, pois elas me ensinaram a ser mais forte.

Sem sentido

Coisas já não fazem sentido,
Como a promessa esquecida,
Ou o breve que tarda.
O dicionário que confunde,
O bondoso covarde.
Coisas já não fazem sentido.

A ferida não pungente
De um amor não eterno.
O fogo não ardente,
Esse é o fundo superno.

Coisas já não fazem sentido,
Como o sonante em tom mudo,
Numa guerra sem desafetos,
Em amplos territórios estreitos.
Coisas já não fazem sentido.

Já não faz sentido desejar
Aquilo que não se pode ter.
Já não faz sentido amar
E por cincunstância sofrer.

Tráfego

A cidade não pára,
Não pára de parar
Na hora do pico
Não pára de crescer
Pra cima, pra baixo
Não pára o descaso
Não!
Pára!
Mais uma vida
Não pára de morrer
Não param de crescer
Não param, não param
Não param os números
Pra mais,
Pra menos.
Não pára a cidade.
Parado,
É um assalto!
Me dá seu dinheiro,
Não pára de pagar
Lícito, ilícito
Legalizado, irregular
É um assalto!
Não pára não,
Continua andando
Não olha pra trás,
Atrás
Dos prédios,
Não para a cidade.
Não param os morros.
Morro de fome,
Não pára essa ânsia.
Não param os morros,
Pra cima, pra baixo
Não param de crescer,
Essa distância
Do quilombo ao Paraíso
Não pára o Paraíso belo,
Não pára de cegueira,
Prá'queles que não podem desfrutá-lo.
Tens os melhores frutos
E eu
Não páro de comer o caroço.
Passageiro cotidiano de navio negreiro,
Meu destino certo é receber xicotadas.

Por tudo isso
Parou-se a voz,
Parou-se o suspiro,
Parou-se no tempo,
Parou-se tudo!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Neste mundo de ilusões,
Enquanto muitos lutam para ser alguém,
Eu luto para não deixar de ser eu mesmo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Negociador

Topou tudo
Pelo prazer de enriquecer.
Porém,
É mais pobre que os miseráveis.
Ele
Abdicou de seu caráter,
De sua inteligência,
De seu amor,
E de sua honestidade.

Tornou-se escravo da própia ganância.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Campanha do Armamento

Vamos todos,
Todos os companheiros,
Amigos, desconhecidos,
Guerreiros,
Não valorizados,
Pelo sistema censurados,
Adestrados,
Ignorados.
Vamos todos nos armar.
Armar-se para o mundo mudar.
Armar-se de sabedoria,
Carregar-se de filosofia
E disparar para todos os lados
A verdade de nossos fatos,
A imprecindível identidade
Pela necessária igualdade.

Armamento pesado,
Bem selecionado.
Escupido por mãos ansiosas,
Relatadas por bocas revoltadas
De atitudes honradas.

Armar-se para a luta
Diária e suada
Na selva de disputa
Da humanidade enganada.

Armar-se não para juntar inimigos
E sim aliados,
Capazes de entender
O que o povo tem a dizer,
O que se tem a fazer
Para tantos pararem de sofrer.

Armar-se do que foi desarmado.
Recuperar-se desde criança
O que se foi roubado.
Essa é a nossa crença,
Num amanhã mais ensolarado,
Com homens e mulheres revestidos
Do poder de não serem oprimidos.

Nossas armas estão aí,
Descritas nas páginas dos livros,
Cantadas nas vozes dos revolucionários,
Demonstradas em alguns cenários.
Basta colocar
O armamento pra funcionar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

São Paulo de faces diversas

São Paulo de faces diversas:
Cidade de Trabalhadores,
Trabalhadores agitados!
Ah! Paulistano é assim mesmo.

Cidade de viadutos,
Viadutos símbolos do enriquecimento,
Viadutos símbolos da miséria.

Cidade desigual,
Cidade vertical,
Cidade de concreto, capital.
Cidade que exalta beleza,
Mas que despreza a natureza.

Cidade de coração enorme
Feito de milhões de corações que amam.
Amam a cidade que construíram.
Tijolo por tijolo dentre a garoa,
Numa luta maior que qualquer edifício.
Amor este, nos rastros de Luz e Liberdade,
Sendo a Consolação
De São Paulo não ser um Paraíso de Jardins
Com Bela Vista na Periferia.

Nesta terra de italianos,
De portugueses, de baianos,
Terra de mineiros, pernambucanos...
De asiáticos, africanos,
Terra em que todos se tornaram paulistanos.


(Este poema foi reeditado de uma passada homenagem a minha cidade natal em seu aniversário de 450 anos. Hoje já são 456 anos e espero que no futuro esta metrópole seja feliz no centro e na periferia e que os paulistanos possam ser mais unidos.)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Não há problema nenhum em sentir medo.
A grande falha é faltar corajem para enfrentar as dificuldades.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A incerteza da certeza

A cada dia que passa
o homem procura mais respostas.
Porém,
com o passar dos anos,
as únicas respostas que obteve
foram as incertezas.

Certo é
que cada vez o futuro é mais incerto.
Já não é possível prever,
em que instante a bomba atômica que criamos,
estourará contra nós.

CABUM!!!

Já é possível sentir os lampejos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

"Um novo ano, um novo dia e as mesmas histórias. Chegou a hora de construirmos uma nova realidade!"