segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

sinestesia II

ao sentir o castanho
dos teus olhos
vi o calor e a dor
escorrer pelo vermelho
do meu sangue

sinestesia

era tão cego
que conseguia ler
o que o coração dizia.

sofria com o sopro
daqueles embalos que lhe tocavam,
como ruídos que doíam
na carne.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

nosso tempo se esvaiu
num poema velho
não há nada que valha
ser lembrado
nem mais escrito
ou em versos
dito

mas a memória é uma película
que reedita os capítulos ambíguos

meus versos dialogam
com poemas de outrora

é das medidas
aquilo que não quer ser...
embora seja

naquilo que houve
ainda tenha
essas trocas semânticas
e românticas de significâncias

já quis meus olhos vendados
embora veja
que tudo que não fez sentido
é sentimento
que ficou na mente
e não permite
que de coração
minta

(a vida e a escrita tornaram-se leais parceiras, embora de vez em quando duvide de ambas)